segunda-feira, 5 de fevereiro de 2018

Miro Sudário: guerreiro de luz

WALDOMIRO DE PAULA: UMA VIDA, UM IDEAL



Tempos da nossa Pecuária Leiteira: A Cooperativa de Laticínios de Santa Branca obrigatoriamente liberava seus caminhões às quatro horas da manhã quando rumavam pelos bairros rurais, entre sítios e fazendas, para a rotineira coleta do leite produzido pelos cooperados.
Nada podia falhar, era uma corrida contra o tempo, os caminhões deveriam estar de volta, descarregar o produto onde seria analisado pelos técnicos, preparado em refrigeração para posteriormente ser colocado nos grandes tanques das carretas que seguiam para a capital.
Uma conjunção de providências enumeradas e calculadas em todos os detalhes; aí entrava em ação um dos importantes personagens dessa bela história: Waldomiro de Paula, ou simplesmente, como era carinhosamente conhecido, Miro Sudário, tão somente.

Um moço simples, de origem humilde, autodidata que desde menino apresentava o gosto pela mecânica, assim trilhou junto aos primeiros empregos, sempre curioso e detalhista, fazia questão de conhecer cada peça e a sua função, aliás uma marca genética que carregava do seu pai, o famoso Joaquim Sudário, relojoeiro e radiotécnico com formação na própria experiência de vida se tornou um dos mais respeitáveis profissionais do seu tempo. Assim cresceu o menino Miro, entre as Praças Ribeiro Leite e Ajudante Braga.
Agora, já moço e casado com a jovem Guilhermina, família constituída, suas responsabilidades dobravam... Ser o mecânico responsável pelo bom funcionamento da frota de caminhões coletores de leite na zona rural, e de contrapartida atender os casos de reparos nos veículos dos cooperados, uma tarefa complexa que o jovem mecânico soube fazer com paciência e visão profissional.

Passaram-se os anos, têm início a grande crise da nossa pecuária leiteira, a Cooperativa já não vivia mais os anos dourados da pujança econômica... Miro já contava com muitos anos de serviço que contabilizados a outros empregos anteriores, resolve aposentar-se. Porém não parou em tempo algum, na época associa-se ao amigo Agenor Martins de Sousa, o Agenorzinho Torneiro, e montam uma oficina mecânica ali no início da famosa Rua Independência, sucesso total... lá foram outros tantos anos de bons serviços prestados a nossa população. Tempos depois, passa a oficina a encargo do filho Waldimir (Mirinho) e resolve que é o tempo do descanso.

Nosso amigo Miro com seu gênio calmo, porém irrequieto resolve aderir a uma nova modalidade profissional, compra as ferramentas e parte para a profissão de Técnico em refrigeração e máquinas de lavar, desta feita, como profissional autônomo, sem a necessária loja de atendimento. Lá se foram mais outros tantos anos de excelentes serviços às famílias santa-branquense, sempre com seu jeitão calmo, contador de causos e boas piadas de salão, Miro era conhecido e estimado por todos, na realidade transformou-se em unanimidade geral, um referencial como excelente profissional que sempre soube desenvolver com técnica e perfeição.

Recentemente, resolve que é hora do descanso, viver exclusivamente para a família, sempre ao lado da sua esposa Guilhermina, companheira e amiga dos tantos anos de felicidade... Vieram os filhos, os netos e os bisnetos, a grande missão desse Guerreiro de Luz! Estava pleno e realizado. Escreveu com letras de ouro sua história de vida... Era chegada a hora da partida, silenciosamente ele sabia que o Senhor das Estrelas necessitava de um filho para cuidar do brilho das estrelas.

Assim, calmamente, partiu de volta à Deus um dos queridos filhos da nossa terra Santa Branca, deixando um legado de belos exemplos e a continuidade da sua obra, à partir de agora, com seus filhos e netos amados!
Silenciosamente, numa íntima oração à Deus, eu agradeço por ter a felicidade em ser amigo participativo em muitas ações do saudoso Waldomiro de Paula!

Saudades...
Wilson Chaves


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Crônica publicada originalmente no Facebook do Wilson