sexta-feira, 17 de junho de 2022

Benção dos Anjos


Domingo de manhã, um frio intenso marca a forte presença do inverno, ao que parece será mais rigoroso que nos anos anteriores. Pacientemente eu estou aguardando a presença do sol ao que parece timidamente escondido entre a densa neblina dessa manhã domingueira.

Saio de casa portando a minha câmera digital e desço na direção da Rua Nestor Samuel de Oliveira, busco o óbvio igual a tantas pessoas, fotografar a beleza exuberante da mais bela e simpática de todas as árvores da “Cidade Presépio”. Ipê Rosa, plantada na divisa do terreno da Escola Barão de Santa Branca, com a Rua Nestor Samuel de Oliveira. A beleza e a exuberância das flores da grande árvore encantam a todos que passam pelo local, a ponto de transformar-se num verdadeiro cartão postal a parceria entre a árvore e a escola que generosamente oferta a terra onde solidificam suas raízes.

A bem da verdade é que a famosa Escola Barão sempre foi palco das maravilhas da natureza. Do meu tempo de menino lembro que existia uma ala de cedrinhos que caprichosamente eram moldados na forma de muro divisório entre a ala do recreio e a horta que abastecia a cozinha no preparo da merenda escolar preparada pelas mãos mágicas da Dona Benedita Wenceslau. Nos fundos da escola reinava três palmeiras imperiais ao lado da gigantesca paineira impondo a sua altivez ao desabrochar as flores alvas como a névoa da manhã.

As árvores e os cedrinhos constantemente passavam pelas necessárias maquiagens e retoques dos amigos; Sebastião Siqueira Porto e o velho Chico Totó, funcionários da escola na época. Com o progresso e aumento da população escolar houve a necessidade da retirada dos cedrinhos para a construção de mais duas salas de aula anexas. O espaço ficou reduzido e a terra nua sem nenhum arbusto para ornamentar aquele pequeno pedacinho de chão. Foi então que outras mãos generosas fizeram a grande diferença.

A ex-aluna da Escola, Branca Nogueira na época exercendo as funções de servente escolar solicitou da Diretora permissão para plantar uma pequenina muda de “Ipê Rosa” no espaço vazio ao lado das salas de aula recém construídas. Permissão concedida tratou logo de plantar a tenra mudinha da árvore. Carinhosamente como um ato religioso, a amiga e protetora da árvore regava generosamente o solo ao redor a fim de mantê-la saudável.

O tempo passou, quando se deu conta a árvore debutava a sua primeira florada para alegria de todos! Hoje na altivez da sua maturidade a árvore generosamente expõe toda a sua rica vestimenta num espetáculo digno dos mais exigentes observadores. Ipê Rosa, Amarelo, Roxo ou outra cor que o valha mostra toda a magnitude da natureza em breve momento que lhe é permitido desfilar e mostrar toda beleza de uma verdadeira deusa da passarela. São poucos dias do show que somente as câmeras podem registrar e mostrar a qualquer tempo.

Depois da florada vem o tempo do recolhimento na humildade, meses de silencio até a chegada do novo espetáculo. Mas há que se pensar e homenagear além da natureza, as mãos amigas que generosamente plantam e semeiam sem nada cobrar da natureza, além da alegria de olhar um dia o resultado da feliz parceria: Homem e a natureza, convívio pacífico e generosa que começa com pequenos gestos.

Obrigado amiga “Branca do Telefone”, permita-me chamá-la pelo carinhoso apelido que você recebeu quanto atuava como telefonista auxiliando seu pai, o mestre “Joaquim do Telefone”, no velho casarão da Praça Ribeiro Leite, atualmente sede da Associação Esportiva Santabranquense. Se existe alguém que possa receber um sorriso e um gesto de agradecimento do famoso “Ipê Rosa” é você, aliás, dizem algumas testemunhas que já notaram quando você passa pelo local uma leve brisa sopra sobre as folhas da árvore rainha curvando-as em sua direção num gesto de reverência à doadora da vida que é você.

Prezada amiga Branca, eu fico a pensar se cada santabranquense plantasse uma árvore no quintal a nossa cidade realmente dentro de alguns anos faria jus ao título de “Cidade Presépio”, teríamos a qualquer tempo árvores florindo aqui e ali. Afinal a natureza é generosa e sábia ao retribuir com flores e frutos as pessoas que fincam suas raízes no solo fértil da mãe terra. Termino este artigo com um pedido especial as senhoras e senhores vereadores. Elaborar um projeto de Lei visando proteger pelo menos duas árvores símbolos da nossa cidade. “A centenária Mangueira da Santa Casa e o maravilhoso Ipê Rosa da Escola Barão”. Não custará nada aos cofres públicos e fará muito bem a natureza.

Com autorização do autor, Wilson Chaves, e originalmente publicado no jornal,
O Santabranquense, edição de 24 de junho de 2009.

segunda-feira, 6 de junho de 2022

Temos tantas histórias pra contar...


Memorável foto quando da inauguração da sede social do glorioso “Santa Branca Esporte Clube”, prédio este localizado na Rua Independência, esquina com a Rua Cel. Alfredo de Lima, (Rua do Fórum). Nesta época do presidente do Clube era o saudoso Jair Rocha que comprou o prédio dos herdeiros da professora Francisca Rosa Gomes, reformando e adaptando o casarão para servir de sede do clube. Na época eu e alguns amigos tínhamos a famosa Banda “MERRYS BOYS”, com muita honra fomos convidados para tocar no grande baile inaugural. Nos fundos da imagem eu estou entre os músicos amigos: Ditinho Sudário, Professor Vitor, Waldemar Panquinha, e mais dois amigos ao lado.

Memorável tempo da nossa Banda Merrys Boys, foi um dos grandes bailes esta inauguração da sede do clube. Na imagem um representantes político da capital discursando ao lado do presidente do clube, Jair Rosa, ao lado Silvio Baptista Campos diretor de futebol na época e José Ramos dos Reis, Presidente da Câmara Municipal da nossa cidade.
(Curiosidade). Um fato interessante, nesse baile eu tinha contratado um grande Saxofonista de Jacareí para reforçar a banda, pois a responsabilidade era enorme, imaginem abrilhantar um baile inaugural com muitos convidados ilustres. Na hora combinada enviei uma condução e o músico simplesmente deu o cano. Chegando a hora do baile eu muito nervoso, eis que aparece um camarada que nunca tinha visto antes na vida. Chegou até mim, se apresentou e perguntou se eu interessava um reforço na Banda. Perguntei se era músico, disse-me que sim, era músico profissional do Clube do Choro em Brasília capital do país, ele tocava Cavaquinho, e o melhor estava a passeio aqui na cidade e trazia na sua bagagem o instrumento e a aparelhagem de som... Quase caí duro, olhei pra cima, agradeci a Deus pelo presente e lá fomos a tocata, por sinal uma memorável apresentação do nosso Merry Boys, fomos aplaudidos de pé em muitos momentos. Que história hein amigos? (Obs. Eu era o baterista da nossa Banda famosa)
Meus eternos agradecimentos a tantos músicos amigos que somaram esforços tocando junto comigo nas centenas de bailes e eventos de um tempo romântico no início dos anos sessenta:
Pedro Luiz Fraccari, João da Banda. José dos Piston. Waldemar Panquinha. Ditinho Sudário. Raul Silva, Professor Vitor, Carlito Manfredini, Maurício Gonçalves, Carneirinho, Tenente do violão, Zezinho Salgado, João do Quirino, Antônio Biju, Zé Pelegrini, Roland Fraccari, Robertinho Portinho, Orlando Alves,Ivan Chaves entre tantos outros...

Venho nesta canção me despedir
Não sei se voltarei
Vou navegar em altos mares
Em busca de outros ares
Que aqui não encontrei.

Já que não existe o nosso amor
Tal qual nasceu...
Despeço-me de ti nesta canção
Mais deixarei meu coração
Que é sempre teu!
(Esta canção era interpretada divinamente pelo amigo João do Quirino em todos finais de baile... Fizemos histórias, Deixamos Saudades)